0 comments/ 3113 views/ 0 favorites O Que O Destino Preparou 01 By: fatbird20006 Este conto é totalmente produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança entre pessoas, nomes ou situações, só poderia ser uma infeliz coincidência. -------------------------------------------------- 20 de Agosto de 1992. Um Boeing 737-300 da Happy Bird Airlines sobrevoa o Mediterrâneo *** "Comandante, a cabina está a chamar". "Ok, responde tu, que estou aqui a ver uma coisa no Jeppesen". Porra! Estas miúdas têm sempre a arte de chamar quando é menos conveniente. Parece que adivinham. Pensava Ricardo com um sorriso nos lábios. Olhou para a direita e o copiloto olhava-o com um sorriso irónico. Tinham acabado de sobrevoar Alghero -- Sardenha, e ainda lhes faltava bastante para chegar. Era um charter contratado por um grupo de cientistas de várias nacionalidades, que tinham ido a um congresso em Atenas e agora regressavam a Lisboa. Tinham começado em Oslo às 16:30 e este era o terceiro e último vôo. "Comandante, há uma passageira que o quer conhecer." "Deixa-te de merdas, Zeb! Depois de três sectores e às duas da manhã, não estou com pachorra para brincadeiras. E acaba já com esse sorriso perdigueiral!" -- Ricardo era conhecido pelas suas frases jocosas, meio insultuosas e de bom humor. Toda a gente sabia que nunca as dizia com intenção de ofender. Era a sua imagem de marca. Entretanto a chefe de cabina bateu à porta e Ricardo mandou-a entrar. "Entra, Silvia" "Comandante, há uma passageira que o quer conhecer." "Ou seja, estão os dois combinados para me gozarem. Não apertem comigo que tenho a rosca moída! Já não se pode ser um comandante simpático e tolerante! Tinham que ter conhecido o falecido Queiroz, que foi meu comandante há quinze anos, a ver se tinham lata de vir com gozos a uma hora destas! Bem... com ele, nem de dia!" -- E ria-se debaixo do bigode. Silvia e Zeb, o copiloto, riam-se imaginando o tal Queiroz, que era uma figura quase lendária, conhecido pelo seu mau génio, com cabelo e bigode estilo Karl Marx. Quando se chateava, o melhor era não estar num raio de vinte metros. "É verdade! A sério! Ou acha que já não tem atractivo para as mulheres?" Ricardo apercebeu-se de que era mesmo verdade. "A isso, não sou a pessoa mais indicada para responder". -- Olhava de soslaio para Silvia, que sorriu, mas não se atreveu a fazer nenhum comentário. "Bem, só pode ser alguma velha viúva, destas que não conseguem dormir no avião e têm que chatear a tripulação inteira de madrugada. Trá-la, antes de que acorde o resto dos passageiros." "Efectivamente, comandante... uma velha viúva! Talvez ela o possa esclarecer sobre o seu atractivo." -- Disse-lhe Silvia com um certo tom de ironia. Conheciam-se há anos e eram bons amigos. Entretanto chegou a passageira. Teria uns vinte e oito anos, loura natural, uns lindos olhos azuis e de corpo estava bastante bem. "Boa noite minha senhora... Ricardo Velasco. É um prazer recebê-la aqui no cockpit. Apresento-lhe Álvaro Lopes, o nosso copiloto, Zeb para os amigos. Silvia, por favor ajuda esta senhora a sentar-se no jump seat, a colocar os cintos e explica-lhe a operação da máscara de oxigénio. Zeb, acende a luz do tecto, ok?" "Mariana Vilar, muito gosto, comandante Velasco". Depois de tudo feito, a passageira continuou... "Ricardo Velasco... Ricardo Gomes Velasco! É o senhor, não é verdade?" "Efectivamente! Desculpe... já nos conhecíamos?" Ricardo ficou um pouco preocupado. Como podia não se lembrar de uma mulher como ela? Era realmente bonita! Uma mulher que não se esquece... e o apelido soava-lhe, mas não chegou a nenhuma conclusão. "Não e sim! Eu conheço-o de nome e de vê-lo em fotografias antigas, mas o senhor não me conhece a mim." -- Ricardo estava cada vez mais intrigado. "Não entendo. Zeb... avião teu, comunicações tuas, como se eu estivesse incapacitado." "Avião meu e comunicações minhas, captain! "Corrija-me se estou equivocada, comandante. Base Aérea Nº 12 - Bissalanca 1972... alferes miliciano piloto Ricardo Velasco, piloto de helicópteros, condecorado com uma Medalha de Serviços Distintos com Palma". "Ssssim... mas como sabe tudo isso?" Ricardo estava assombrado. "18 de Outubro de 1972, 10:30 da manhã, 30 km a este de Bafatá. Uma coluna do exército português sofre uma emboscada. Toda a gente morta menos um capitão do exército que está gesticulando ferido, abrigado detrás de uma Chaimite virada. Um helicóptero aparece não se sabe donde, aterra junto ao capitão, o piloto sai com uma metralhadora Kalashnikov AK-47 na mão e mata dois guerrilheiros que estavam perto. Ajuda o capitão ferido a entrar no helicóptero. Entretanto o grupo de guerrilha reorganiza-se e começa a disparar, apesar do fogo de protecção do helicanhão. O helicóptero descola e chega cheio de buracos a Bafatá, mas o capitão salvou-se. O piloto, sofreu um impacto de bala no antebraço direito, sem gravidade. Na parada do 10 de Junho de 1973 em Lisboa, o capitão Armando Vilar, coloca uma Medalha de Serviços Distintos com Palma no peito do herói que o salvou, o Alferes Ricardo Velasco. Um pedido seu, que lhe foi concedido pelo Ministério da Defesa." "Mas... sssim... mas como... bem, são coisas do passado, de que não gosto de falar... e não sou nenhum herói... desculpe, é jornalista? Desde já lhe digo que não autorizo que se publique nada! Nem dou entrevistas..." Ela interrompeu-o. "Descanse, comandante. Sou química... e também não gosto de jornalistas." Zeb estava assombrado! Desconhecia totalmente as façanhas do seu ex-instrutor e comandante preferido. Sabia que ele tinha sido combatente em África e piloto de Alouette III, mas nunca falava da guerra... quando alguém lhe falava disso, mudava de assunto. "Ouvi essa história centenas de vezes! O capitão a quem salvou a vida era o meu pai! Quando ouvi o seu nome no discurso da hospedeira, decidi que tinha que o conhecer para lhe agradecer pessoalmente... bem, e não posso negar que sempre tive um desejo especial de conhecê-lo. Tinha 8 anos quando isso aconteceu e graças a si, um jovem de 22 anos, não fiquei órfã." "Bem, já satisfez a sua curiosidade e para mim foi um prazer." "Sabe...desde os meus 14 anos, tenho sempre uma foto sua na minha mesa de cabeceira. É como um talismã! Sempre que tenho que fazer alguma coisa que exija um pouco de sorte, levo-a comigo. Como tenho medo de voar, aqui a tenho." Abriu a mala e tirou uma moldura pequena que passou a Ricardo. Zeb olhou e viu o alferes Velasco sentado na cabina do seu Alouette III em voo, de capacete e com um grande sorriso. "Lembro-me muito bem dessa foto. Ofereci-a ao seu pai no dia 10 de Junho de 73." "O meu ex-marido detestava-a, mas teve que aguentar. Creio que nunca se convenceu de que esse jovem piloto da moldura era um desconhecido. O meu casamento acabou e a sua foto perdurou. Continuo a tê-la no mesmo sitio. Você não mudou muito, continua a ser um homem muito interessante. Não se importa que a tenha... ou sim?" "Não... se você se sente protegida com isso e lhe dá sorte, tenho muito gosto em que a conserve. Fico muito sensibilizado... Nem sei que dizer!" -- Ricardo estava visivelmente pouco à vontade. Era uma pessoa modesta e odiava o protagonismo. Zeb tinha muito senso de humor. Era um jovem de 22 anos, a idade que tinha Ricardo quando salvou a vida ao capitão Vilar. Agarrou num bloco de notas e entregou-o a Ricardo, juntamente com uma esferográfica. Tinha um sorriso de orelha a orelha. "Comandante! Dá-me um autógrafo? Nunca tinha conhecido um herói!" "Zeb! Por favor! Deixa-te de idiotices. E dá-me a tua palavra em como não contas nada disto a ninguém! Zeb! Roma Radar acaba de chamar-nos. Presta mais atenção às comunicações e responde-lhes." "Sorry about that, cap! Roma Radar, Happy Bird 3204, go ahead..."-- Zeb continuou, falando com o controlador romano. "Mariana... desculpe, posso tratá-la assim?" "Claro, Ricardo!" "Mariana, como é possível que você saiba todos esses detalhes? A Kalash AK-47, a data, a Chaimite virada, a distância a Bafatá... Impressionante. Já nem eu me lembrava da metade! Por isso pensei que era jornalista." "O meu pai escreveu vários artigos para o Jornal do Exército e outras publicações... até morrer, falava do tema constantemente e eu memorizei tudo. Tive que escrever várias cópias à máquina. Sei tudo de memória, vírgula por vírgula, ponto por ponto. Depois, o assunto interessou-me tanto que até fui ao Museu do Militar ver o que era uma Kalash. E actualmente sei muitíssimo de armas militares..." "O seu pai faleceu? Sinto muito... Quando foi? Pensava pedir-lhe o telefone dele e convida-lo para almoçar um dia destes... tenho tanta pena de ter perdido o contacto com ele!" "Sim, faleceu há dois anos num acidente de carro." Ricardo ficou com um semblante muito triste. "Malditos carros! Também a minha mulher faleceu assim há seis meses." "Sinto muito, Ricardo!" -- Mariana não pôde deixar de pensar: Mmmm... interessante! Atractivo, valente, maduro... e livre! "Mariana, vai-me desculpar, mas agora tenho que me concentrar no que estou a fazer, pode continuar aqui ou ir para o seu lugar e se quiser deixo-a assistir à aterragem aí sentada. Como quiser... mas talvez vá mais cómoda atrás e antes de começarmos a descer Silvia volta a trazê-la, para ficar até ao fim, que lhe parece?" Mariana optou por ir para o seu lugar e voltar antes da aterragem. "Cap, tenho que contar à Silvia que a passageira já o esclareceu..." "Que dizes? Mas o que é que me esclareceu?" "Que é um homem muito interessante." "Quê? Olha rapaz, se contas uma só palavra do que aqui foi dito, mando-te cortar os berlindes, estamos entendidos?" -- A expressão de Ricardo era séria e a Zeb passou-lhe a vontade de se rir. Comprometeu-se, sob palavra de honra, a não dizer nada a ninguém. Não entendia esse excesso de modéstia de Ricardo, mas tinha que o respeitar. Mariana voltou ao cockpit para assistir à aterragem e adorou a experiência. No fim do vôo, antes de sair trocaram cartões de visita. Mariana convidou-o a telefonar-lhe na próxima sexta-feira à tarde. Ricardo não estava programado para voar e ela não tinha compromissos. Despediram-se com dois beijos. Quando iam a caminho dos respectivos carros no parking do aeroporto, Zeb disse-lhe: "Comandante! Não é para lhe dar graxa, mas você tem um par de tomates que nunca imaginei! Não sei porque não gosta de falar disso..." "Olha, miúdo... matar aqueles dois negros foi necessário, mas não me deu nenhum prazer. Aterrar ali e salvar o capitão, não foi nenhum acto de heroísmo. Foi o que me saiu da cabeça naquele momento. Ter coragem, era deixá-lo ali para morrer. Já vês que não sou nenhum herói. Faltaram-me tomates para ir-me embora. Felizmente correu bem. Tem cuidado, que é tarde e estamos cansados. Não te esmerdes com o carro. Bem... ficaria muito decepcionado, se soubesse que deste com a língua nos dentes a meu respeito." "Já lhe dei a minha palavra! Daqui não sai nada. Bom fim de semana com a Mariana. Está louca por si! Porra... quem me dera a mim!" "Uma merda! É uma pobre miúda que me está agradecida e tem uma imagem distorcida de quem sou eu. Vê-me como uma espécie de Johnny Hazard ou Michel Tanguy... Nada mais. Como está equivocada... Sou apenas um mortal como os demais e não consigo esquecer a expressão dos olhos desses dois negros, antes de morrer! Por isso não posso nem recordar-me da guerra e menos falar dela. Às tantas, nem lhe telefono. Tem menos catorze anos que eu." "Porra! Não lhe faça isso! Pobre moça. Isso sim que seria uma cobardia. Leve-a a almoçar e logo se vê..." "Tens razão! Ciao!" continua... O Que O Destino Preparou 02 Este conto é totalmente produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança entre pessoas, nomes ou situações, só poderia ser uma infeliz coincidência.M -------------------------------------------- Ricardo chegou a casa às 04:50 e estava bastante cansado. Tomou um duche rápido para refrescar-se e deitou-se. Mariana não lhe saía do pensamento. Que linda rapariga! Pensava. Sem se dar conta caiu nos braços de Morfeu. Teve uma noite agitada, com pedaços de pesadelos sem nexo, e acordou duas vezes banhado em suor. Ao lado, o lugar vazio de Esmeralda, a sua falecida mulher. Como desejava tê-la ao seu lado! Chorou convulsivamente abraçado à almofada que tinha sido de Esmeralda e acabou por adormecer de novo. O choro aliviou-lhe a tensão acumulada e dormiu até às 12:40. Era quarta-feira e tinha que voar às 17:00. Um Lisboa-- Edinburgh. Ficaria a dormir na capital da Escócia, uma das suas cidades favoritas. Iria jantar ao McGowan's. Tinha saudades de comer um haggis e um Roast leg of lamb with mint sauce, acompanhados com uma Tennents 80/. O copiloto era de novo Zeb e tinha um convite pendente com ele, para o levar comer essas delícias, se algum dia coincidissem os dois em Edinburgh. Ao contrário da comida inglesa, a escocesa era bastante aceitável e esses dois pratos eram deliciosos. Zeb era um bom miúdo e um bom copiloto. Voltaria na quinta-feira, via Paris--De Gaulle, com chegada a Lisboa às 22:20, se não houvesse atrasos nem imprevistos. Oxalá não me atrase muito e não haja alguma avaria que me faça ficar em terra. Pensou. Saiu em fato de treino e foi ao ginásio em frente de casa fazer o seu treino habitual. Estava em forma, sem os odiados pneus que costumam afectar os homens da sua idade. Cuidava muito a sua alimentação, não fumava, quase não bebia e conservava-se bem. "Olá Marcelo! Tudo bem?" -- Cumprimentou o dono do ginásio. "Tudo! Que tal os teus vôos, Ricardo? Vais mandar umas calorias abaixo, não? Vem comigo que te quero mostrar uma máquina nova. Se queres, a Claudia explica-te como usá-la." -- Marcelo olhava-o com um sorriso matreiro. Claudia era uma monitora, que era boa como o milho e andava a rondar Ricardo desde que soube que era viúvo. "Ok! Mas se não te importa, explica-me tu." -- Ricardo não estava interessado em Claudia. "Ah ah ah! Pobre Claudia! Podias dar-lhe uma alegria de vez em quando, homem!" "Deixa-te de merdas!" Foram os dois ver a tal máquina. Marcelo começou a explicar-lhe tudo. "Eh! Não estás a ouvir nada, ou é impressão minha?" "Hmmm! Desculpa, amigo, não me leves a mal. Deixamos a explicação para outro dia se não te importa. Estou preocupado com uma coisa que não me deixa concentrar-me." -- Sem se dar conta, a cabeça tinha-se-lhe escapado e pensava em Mariana. Isso incomodava-o imenso, mas não podia evitá-lo. Fez um treino de 45 minutos e foi para casa. O tempo passou rápido e quase sem se dar conta, era já quinta-feira à noite e tinha chegado a Lisboa. Tudo correra bem, Zeb adorou as especialidades escocesas e o tempo passou a correr, sem nenhum incidente. "Cap! Você parecia um puto de 15 anos... está mesmo vidrado na moça!" "Respeitinho, menino! Que queres dizer com isso?" -- Seria que tanto se lhe notava? Pensou. "Nunca o vi tão rezingão com os coordenadores de terra, nem tão preocupado em sair antes da hora. No restaurante, falava consigo e você estava na lua... as assistentes diziam-me que o comandante estava estranho e perguntavam-me se lhe passava alguma coisa. A Vanessa chegou a dizer-me: Se bem conheço os homens, está apaixonado." "Cuidado com os falatórios nas companhias de aviação. Que respondeste?" "Que você anda com um negócio de terrenos entre mãos e anda preocupado". "Ah ah ah! Boa! Já começas a ser gente, rapaz! Obrigado. Aqui entre nós, só entre nós, estou desejoso de vê-la!" "Porra, chefe! Nem fazia falta dizê-lo. Que tudo lhe corra bem e obrigado pelo convite em Edinburgh. A comida estava espectacular. Nunca pensei que o molho de menta e o puré de maçã fossem bem com o borrego assado. E adorei o haggis. Já sabe, tem que levar lá a Mariana. E garanto-lhe que ela vai! Ainda acabo por ser seu padrinho de casamento, vai ver." "Vá... pira-te e deixa de fazer futurologia. Sacana de puto... não se te pode dar confiança." Despediram-se e foram para as suas respectivas casas. Ricardo tomou um duche, deitou-se e adormeceu em seguida. Tinha um cansaço acumulado de vários dias seguidos voando, alguns deles com bastante stress, atrasos estúpidos, uma bomba hidráulica inoperativa em Berlin--Tegel na semana anterior e o avião imobilizado 15 horas, uma hora e quarenta em Barcelona a espera do camião do combustível... finalmente, ia ter três dias de descanso. Estava pensando em todas essas coisas e adormeceu. Acordou às nove e meia, foi ao café em frente de casa tomar o pequeno almoço. "Olá Ricardo, venha para aqui!" -- Era Claudia,a monitora do ginásio. Foda-se! Só me faltava esta gaja e não estou para a aturar! Pensou. Mas não queria ser desagradável. "Olá Claudia, como está? Muito trabalho?" "O normal... vemo-nos hoje no ginásio?" -- Claudia estava como sempre com uma voz e um estilo de mulher apaixonada. "Não. Hoje não posso. Já irei outro dia..." "Muitos vôos?" "Não. Tenho três dias livres. Antes de segunda-feira, nada. Olá Luisa, traz-me um capuccino e um croissant com fiambre, por favor. Quer alguma coisa mais, Claudia?" "Não, nada mais. Posso convidá-lo a acompanhar-me esta tarde a um circuito de manutenção novo que fizeram na zona do Estádio Nacional?" "Talvez outro dia, Claudia, estes três próximos dias não trabalho, mas tenho uma quantidade de coisas que fazer. Há que aproveitar os dias livres para organizar certas coisas, sabe?" "Decididamente não lhe caio muito bem, Ricardo..." "Não pense nisso, Claudia. Simpatizo muito consigo, mas às vezes as coisas não se proporcionam... só isso." "Bem... vou deixá-lo tomar o seu pequeno almoço em paz. Tenho que ir para o ginásio. Até outro dia, Ricardo." -- Apertou-lhe a mão e saiu. Notava-se que estava bastante aborrecida. Porra... parece que começa a entender. A ver se me esquece de uma vez. Pensou. Olhou para o relógio e achou que já era tempo de telefonar a Mariana. Foi para casa. "Mariana? Olá! Sou o Ricardo, como está? Está bem, tratamo-nos por tu. Bem... pode ser. A morada é a que está no cartão? Muito bem. Vemo-nos em uma hora. Até já. Outro para ti." Foi a uma farmácia e comprou uma caixa de preservativos, just in case, meteu-os no porta luvas do carro e foi para a Estrada da Luz, onde vivia Mariana. Ela recebeu-o radiante. Estava linda! Tinha ido ao cabeleireiro. Tinha o cabelo liso, e estava cortado cobrindo o pescoço. Bastante mais curto que quando Ricardo a conheceu. Vestia uma saia estampada em tons pastel pelo joelho, Uma blusa muito fininha lisa, rosa suave. Usava umas sandálias de tiritas de couro castanho claro, que deixavam os pés totalmente a vista. Tinha uns lindos pés impecavelmente cuidados com as unhas pintadas de rosa escuro, tal como as mãos. As suas pernas eram muito bem torneadas e cheias sem chegar a ser gordas e os seios, seriam um 36. A Ricardo, o que mais impressionava numa mulher era a finura, umas mãos bem cuidadas e uma beleza discreta. Nunca gostou de mulheres espectaculares a mais. Mariana tinha tudo o que ele gostava e esses lindos pés que pediam para ser beijados... impressionaram-no sobremaneira. Simplesmente deliciosa! Pensou. "Bem vindo a esta casa, Ricardo!" -- Abraçou-o e deu-lhe dois beijos. -- "Finalmente, posso estar cara a cara com o meu herói..." "Olá Mariana!" -- Ricardo retribuiu os beijos e o abraço. Estava maravilhado e atrapalhado ao mesmo tempo. Que mania tinha de o classificar de herói... isso não ia com ele. Que bem lhe souberam esse abraço e esses beijos inocentes. Desde a morte de Esmeralda, nunca tinha estado tão perto de uma mulher e a verdade é que o necessitava. Que agradável aroma... "Tens alguma idéia para hoje, Mariana?" "O que te apetecer, Ricardo. Só quero estar contigo... desculpa a franqueza, mas tenho tanta vontade de te conhecer! Faremos o que quiseres. Podemos ficar e comer aqui, ir comer fora, dar um passeio... qualquer coisa!" "Porquê essa obsessão comigo?" "Sabes... quando era pequena, ouvia o meu pai falar de ti com tanto respeito e admiração, que comecei a imaginar-te. Estás tão lindo nessa foto, que a minha imaginação me começou a dominar..." "Desculpa que te interrompa. São onze e quinze. Que tal se formos comer um sargo na brasa a Azóia? Sabes onde é, não? E vamos falando pelo caminho." "Não sei onde é, mas parece-me boa idéia. Adoro peixe, quando é fresco." "Azóia está na estrada que vai para o Cabo da Roca. Fazem aí umas sopas de frutos do mar deliciosas. E também uns peixes na brasa maravilhosos, quase vivos... sargo, linguado, robalo e dourada. Vais gostar!" "Boa idéia! Vamos então, senão faz-se tarde." Entraram no BMW descapotável de Ricardo. Ambos concordaram em baixar a capota, porque o dia estava maravilhoso. "Tenho muito interesse em escutar-te, Mariana. Conta-me que o que te fez a tua imaginação." "Bem, quando comecei a entrar na adolescência, um dia fui buscar a tua foto e disse ao meu pai: Este vai ser o meu namorado. Tinha com ele uma relação muito aberta, coisa que nunca tive com a minha mãe. Riu-se e disse-me: Se não fosse pela idade, nenhum outro veria com melhores olhos para ser meu genro, Mari. Mas 14 anos é demasiado, filha. Sempre me chamou Mari. Gostaria que me chamasses assim tu também, importas-te?" Ricardo sentiu-se muito emocionado. "Claro que não... Mari." -- De repente sentiu-se muito feliz. Não sabia até que ponto o seu amigo Armando aprovaria uma possível relação com a filha se fosse vivo. Acima de tudo queria respeitar a sua memória. -- "E eu, gostaria que me chamasses Rick. Era como me chamava Esmeralda, a minha falecida mulher." "Ninguém mais que ela?" -- Era a vez de Mari se emocionar. "Eu... Claro que não, só ela! Mas acabo de me dar conta de que talvez não o vejas apropriado... Chama-me como quiseres, Mari." "Rick! Pára o carro!" -- Mari estava visivelmente alterada. Rick não sabia o que pensar e parou o carro na primeira berma segura que encontrou. "Abraça-me Rick! Necessito o teu abraço já! Aqui e agora..." Saíram do carro e ela abraçou-o. Beijaram-se... "Oh, Rick... o que sonhei com este momento durante tanto tempo..." -- Ele estava estupefacto... e pela primeira vez feliz, em muitos meses. Lembrou-se de Esmeralda. Imaginou-a dizendo-lhe: Sim, Rick... não quero que fiques sozinho. Sê feliz como foste comigo e eu contigo. Não te enterres em vida." Essa seria sem dúvida a sua atitude se pudesse dizer-lhe algo desde o além. Muitas vezes ela lhe tinha dito que temia muito pela vida dele, constantemente voando... e logo quis o destino que fosse ela a primeira a desaparecer. Nessas conversas, ele dizia-lhe que se algo lhe passasse, queria que ela refizesse a sua vida e fosse feliz. Ela dizia-lhe o mesmo. Nunca nenhum dos dois imaginou que essa situação estava tão perto de acontecer. Passaram vários carros com gente que ficava a olhar. Um BMW parado na berma da estrada e um casal a beijar-se como se fosse o último dia do universo, não era algo que se visse todos os dias. Num deles alguém abriu a janela e gritou: "Ah tigre! Aperta com ela!" Riram-se os dois e continuaram a viagem. Gerou-se um momento de silêncio entre os dois. Ambos estavam pensativos e bastante surpreendidos pelo que acabava de acontecer. "Rick... estou louca. Vais pensar que sou uma destas mulheres que se atiram ao primeiro que lhes aparece..." -- Ele interrompeu-a. "Não penso nada disso! E mais! Sei que não o és. No entanto estou assustadíssimo." "Porquê?" "Porque eu adorava Esmeralda e não voltei a ter contacto com nenhuma outra mulher, nem para satisfazer as minhas necessidades sexuais. Mais de seis meses... podes acreditar? Pois acredita!" "Nem se me ocorre duvidar, mas o que é que te assusta?" "Mari, não estou preparado para ter outro desgosto e estou a gostar demasiado de ti. Até o Zeb me disse que parecia um miúdo de 15 anos. Voei com ele de novo nos últimos dois dias. Contou-me que uma chefa da cabina lhe comentou: Ou muito me engano ou o comandante está apaixonado. Já nem os meus pensamentos mais íntimos posso ocultar." "Os teus pensamentos mais íntimos... Estás a dizer-me que estás apaixonado por mim, Rick?" "Não. Estou dizendo que sinto uma enorme atracção por ti, que se pode converter em amor e tenho medo. Temo que tu estejas na mesma situação que eu, ou até num estado mais avançado, mas que essa atracção que sentes, seja por um mito e te passe quando conheceres o homem real que sou. E o teu pai tinha razão. 14 anos é muito." "Vou demonstrar-te que não. Tu e Esmeralda eram da mesma idade?" "Ela era um ano e meio mais nova que eu. Isso que tem que ver?" "Tem muito que ver. Ou seja, vocês não tinham praticamente diferença de idade. Quantos anos durou o vosso casamento?" "Quatro anos... até que ela faleceu." "Ainda assim, valeu a pena, ou preferias não a ter conhecido?" "Que disparate! Claro que valeu a pena. Não trocaria esse tempo por todo o ouro da terra." "Imagina que chegamos a conclusão que nos amamos e nos casamos. Quantos anos crês que viveremos juntos até que se comece a notar a diferença de idade?" "Imagino-me com 65 e tu com 51." "Imagina agora que um dos dois fica viúvo dentro de 10 anos e, entretanto vivemos muito felizes. Não terá valido a pena?" "Claro que sim, mas..." "Não terminei. Imagina que Esmeralda continuasse viva e vocês se divorciassem dentro de 10 anos. Não teria valido a pena?" "Isso não ia acontecer! Não me baralhes..." "Não sabes. Nem ninguém o saberá nunca. Vive a vida, desfruta o que puderes e não penses no futuro. Podes estar com 65 cheio de saúde e eu com 51 numa cadeira de rodas. E terás que cuidar-me ou abandonar-me. Entendes a relatividade da vida?" "Eu... nunca tinha visto as coisas por esse prisma..." "Mas tens que ver. Se achares que vale a pena, vamos conhecer-nos melhor, para não tomar decisões precipitadas. Eu acho que sim. Acho que vale a pena!" "Eu... meu Deus! Que situação terrível..." "Se eu achar que o mito nada tem que ver com o homem, serei a primeira a dizer-te, porque não quero voltar a enganar-me. Se eu não corresponder as tuas expectativas... faz tu o mesmo comigo. Se eu não estiver enganada e apostaria que não estou, terei toda uma vida para demonstrar-te que esses 14 anos não são nem para ter em conta. Mas se não queres nem tentar, terei que aceitar a tua decisão, com todo o respeito do mundo... e com todo o meu desgosto." Entretanto, chegaram ao restaurante. "Mari... quero tentar! Acho que vale a pena." -- Disse-lhe enquanto esperavam pela comida. Comeram muito bem e depois foram ao Cabo da Roca. Rick agarrou-a, abraçou-a e beijou-a de novo. Ela correspondeu a esse beijo com toda a intensidade da sua paixão. Depois pegou num bloco de notas e fez umas anotações. "Mari, já no avião te vi anotar coisas nesse livrinho. Posso saber o que é? "São notas para o nosso diário de bordo. Com tudo. Desde o tempo em que comecei a... bem, desde os meus 14 anos, quando decidi que um dia serias o meu namorado. Depois passo tudo para o diário. Acabamos de entrar na parte 3 com todas as datas e horas escritas... o nosso primeiro abraço à beira da estrada, incluindo o comentário daquele ordinário que passou, o segundo no ponto mais ocidental da Europa, o nosso primeiro encontro, tudo. Tenho esperança de ultrapassar a Bíblia em extensão, dentro de alguns anos." "Incluis o teu primeiro casamento?" "Bravo! Já começas a admitir que pode haver um segundo. Sim. Dediquei-lhe meia página com o titulo de lamentável acidente de percurso. Foi a parte 2. Faz parte da história, como o nazismo faz parte da história da Alemanha. O que ainda não te contei é que Tomás, o meu ex, era muito parecido com o alferes Velasco. Essa era a principal razão porque odiava a foto. Intuía que era um substituto, o que até certo ponto era verdade, mas só me dei conta muito mais tarde. Creio que foi por isso que me apaixonei. Mas não valia nada." "Sabes o que me disse o Zeb? Que já se está a ver meu padrinho de casamento. Zanguei-me com ele!" "Pobre moço! Não devias." "Mari, chegados a este ponto... queres passar o fim de semana comigo?" "Tu queres?" "Claro que sim! Mas tenho que estar em casa domingo à tarde, porque voo na segunda-feira as oito da manhã. Cumpro sempre os períodos de descanso mínimos." "Não te preocupes, quero ser a tua... bem, o que não quero é ser o teu impecilho." "Que ias dizer?" "Sabes muito bem. Não me obrigues a dizê-lo. Talvez chegue o momento, mas ainda não chegou!" "Tenho um pequeno chalé nas Azenhas-do-Mar. Vamos para lá ou preferes um hotel?" "Como preferires, querida. O que quero é estar contigo, nem que seja no inferno!" -- Abraçaram-se e beijaram-se apaixonadamente. "Não é tarde nem é cedo! Vamos para o chalé. Aí, tenho tudo o que me faz falta e que não trouxe de casa... e adorei que me chamasses querida... querido!" -- Anotou a hora a que ele por primeira vez lhe chamou querida. "Ok. Mas antes, vamos a Sintra. Necessito comprar umas coisas de higiene pessoal, cuecas meias e um fato de banho." continua... O Que O Destino Preparou 03 Este conto é totalmente produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança entre pessoas, nomes ou situações, só poderia ser uma infeliz coincidência. ---------------------------------------- Às 17:10 chegaram ao chalé. Era relativamente pequeno e antigo, mas bonito e sobretudo, tinha uma maravilhosa vista para o mar e um terreno de quase meio hectare, com arvoredo. "Como vês, é pequenino e modesto, mas era o sonho dos meus pais e tenho-lhe muito carinho e muitas recordações de infância e adolescência. Espera vou abrir a cancela. A garagem é nas traseiras." "Não está nada mal! O que necessita é uma pintura exterior. E para quê uma casa maior? Gosto muito do terreno e da vista". Deram a volta à casa por um caminho de terra batida e saibro e chegaram a uma rampa que dava acesso à garagem subterrânea. Rick meteu o carro na garagem, fechou o portão e entraram na casa por uma escada interior. Entraram e sentaram-se no sofá da sala. Apesar do calor exterior, a sala, que tinha 42 metros quadrados, era relativamente fresca. O chão era de tijoleira artesanal. Em frente do sofá havia uma lareira bastante bonita e uma pele de vaca preta e branca como tapete. Em cima, uma mesa rústica com um cinzeiro de ferro forjado e vidro amarelado. Atrás, uma mesa e um aparador também rústicos. O conjunto era bastante agradável e as cortinas eram bastante adequadas a todo o conjunto. Também havia uma televisão e uma mini aparelhagem de som de boa qualidade. "Espera querido, vou buscar água fresquinha." -- Antes pôs a tocar um cd de música clássica. Trouxe uma garrafa de água do Luso que estava no frigorífico e dois copos. "Ahhh... estava desidratado! Agora, mostra-me a casa." No piso de baixo, havia uma cozinha ampla sem ser exagerada, uma sala com máquina de lavar, tábua e ferro de engomar e um armário grande. Também havia uma casa de banho completa e uma boa dispensa. Subiram ao piso de cima e havia três quartos, um deles bastante amplo com cama de casal e casa de banho privativa. Os outros dois, bastante menores, mas muito aceitáveis. Entre os dois havia uma casa de banho com uma porta de acesso para cada um deles. Também havia um escritório, com mobiliário completo de torcidos e tremidos. Rick imaginou o seu velho amigo aí sentado e sentiu-se muito triste. "Não é tão pequena, meu amor. E está muito bem desenhada. Ah... que são aquelas pequenas luzes que estão junto às portas da casa de banho pequena?" "Uma engenhoca do teu amigo Armando. Como a casa de banho é acessível desde ambos os quartos, quando corres os trincos acende-se a luz, que é vermelha, para que ninguém tenha que perguntar se está ocupado". "Simples e inteligente! Como era ele." "A casa foi toda desenhada pelo pai. Um arquitecto amigo dele fez-lhe algumas correcções e desenhou-lhe o projecto. O que nunca se chegou a fazer foi uma mansarda. Estava nos projectos dele, mas já não houve dinheiro..." "E é muito segura! Grades por todos os lados, portas blindadas, e o acesso através da garagem também blindado." "E detrás da garagem há uma adega e uma espécie de arrecadação. O pai trabalhou lado a lado com os operários na construção da casa." "Tens irmãos?" "Sou filha única e tu?" "Eu também! Ou seja, não vou ter... nada!" -- Mari sorriu muito feliz. "O que é que não vais ter?" -- Ele ficou ruborizado. "Nada... nada... bem que fazemos agora?" "Anda! Diz-me o que se te ia escapando." "Esquece querida. Vem cá!" -- Abraçou-a e acariciou-lhe o cabelo. "Bem, eu também não vou ter cunhados..." "És terrível, Mari... deliciosamente terrível." -- Pegou-lhe ao colo e levou-a para o quarto grande. Deitou-a sobre a cama e começou a desapertar-lhe os botões da blusa. "Querido, estou toda suada, quero tomar um duche. Vens comigo?" Despiram-se um ao outro e foram os dois para o banho. Estava toda depilada, menos uma faixa vertical estreita e aparada muito curtinha sobre o monte de vénus. Tinha os pequenos lábios e o clitóris bastante proeminentes. Depois puseram a água a correr e meteram-se dentro. Espalharam gel, cada um sobre o corpo do outro. "Mmmm... que temos aqui?" -- Agarrou-lhe o pénis e começou a ensaboá-lo. "Que coisa tão boa, meu amor!" -- Ajoelhou-se, começou a beijá-lo e depois, meteu-o na boca. Era grande e grosso, sem ser monstruoso. Ele levantou-a. "Querida, levo mais de seis meses sem sexo. Temos que ir com calma. Não quero dar uma de ejaculador precoce." "Sei disso, meu amor. Não te preocupes. Quando entrares na normalidade já não te passará. Vem-te à vontade. Eu também levo muitíssimo tempo sem sexo. Temos que reaprender os dois e já nos coordenaremos". -- Entretanto ele massajava-lhe toda a vulva, especialmente o clítoris. Depois o rabinho... e muito suavemente penetrou-o com o dedo. "Mmmm... ahhh... ohhh... basta... ohhh..." -- Que bom! Ela gostava de carícias no cuzinho. Saíram do duche e limparam-se um ao outro. "Onde há toalhas de banho, meu amor?" "Nesse armário aí à esquerda." Rick foi buscar uma toalha de banho e colocou-a na cama, transversalmente. Depois deitou-a sobre a toalha, de barriga para baixo, na posição em que tinha posto a toalha. Ela nada disse e deixou-se ficar. Rick foi ao banho e trouxe um frasco de óleo Jonhson, que tinha visto antes. "Que me vais fazer?" "Relaxa-te e desfruta..." Começou a massajar-lhe os pés com óleo. Ela adorou. Nada de cócegas, nada de dor, tudo com uma suavidade impressionante. Aí se deteve uns 5 minutos ou mais. Depois os gémeos. Detectou-lhe uma pequena contractura na perna direita e começou a trabalhá-la para a tirar. "Ai! Aí dói-me! Sim aí mesmo. -- Ele continuou a massajá-la com movimentos circulares dos polegares. -- "Já está melhor. Onde aprendeste a massajar assim?" "A curiosidade matou o gato, minha querida! Aprendi e pronto... tiveste alguma câimbra recentemente?" "Sim há duas noites. Tu andaste com alguma massajista..." "Já começam os ciúmes?" "Retrospectivos? Não. Só de futuro, se me deres motivos... Nesse caso serei implacável!" "Sou homem de uma só mulher. Sempre o fui desde que conheci a Esmeralda e agora espero sê-lo contigo... se isto funcionar, claro." "Tens dúvidas?" "Todas!" -- Ela virou-se para ele e viu-o a rir-se. Ele piscou-lhe o olho com cumplicidade. "Não vale... Mau!" -- Ele voltou a colocá-la de barriga para baixo e continuou a massajar. Quando chegou às nádegas, de repente ajoelhou-se sobre a cama, com as pernas dela entre as suas e beijou-lhas muito suavemente. Depois, abriu-as com as mãos e passou-lhe a língua no olhinho em movimentos circulares suaves. Lentamente, penetrou-a com a língua, com movimentos longitudinais e circulares alternados. "Matas-me! Ohhh... Que bom! Nunca me fizeram nada assim... Ohhh. Amo-te!" -- A toalha começava a molhar-se com os seus fluidos vaginais. Que aroma delicioso! Que néctar! -- Pensava Rick. Colocou o polegar e o indicador numa zona da virilha que estava molhada. Esfregou-os um no outro. Parecia clara de ovo. Cheirou e depois lambeu os dedos. Uma maravilha de aroma e de gosto. Rick ajudou-a a dar-se a volta. Colocou-se entre as suas pernas e chupou-lhe a vulva e o clitóris, até lhe arrancar o seu primeiro orgasmo. Tinha a boca inundada com os seus fluidos mais íntimos. Estava molhadíssima e soborosíssima. "Rick! Amo-te! Adoro-te! Ahhh... Ohhh... Dás cabo de mim. Mmmm... Ahhh... És o homem com quem sempre sonhei, Rick... Ohhh..." Mari deu-se a volta e começou a chupá-lo a ele. Ele colocou-a sobre a sua boca, num maravilhoso e espectacular 69. Ambos gemiam e respiravam ofegantes. 13 minutos depois ele inundou-lhe a boca e ela não perdeu nem uma só gota. Ele também a bebeu durante todo o tempo. Depois deitaram-se juntos muito abraçados e beijaram-se apaixonadamente saboreando esse cocktail de fluidos mútuos, nas bocas um do outro. "Agora tenta não pensar em nada, meu amor. Relaxação total. Respira fundo e muito lentamente." -- Ela assim fez. Rick sincronizou a respiração com a dela e tentou abstrair-se de tudo. Ambos sentiram que eram um só ser. A união perfeita e absoluta. Fundidos um no outro como duas velas encostadas ardendo juntas. Assim adormeceram. Acordaram uns 40 minutos depois, ainda abraçados e extasiados um com o outro. Sentiram que se amavam e que estavam feitos um para o outro. "Adoro-te!" -- Disseram um ao outro, num sincronismo perfeito. Se o tivessem ensaiado, não teria sido tão perfeito. Um caso de telepatia, sem dúvida. Começaram a rir-se da situação e levantaram-se. "Rick... se nos casarmos, sabes onde gostaria de ir de lua de mel?" "A Atenas!" -- Ela pensou uns segundos... "Poderia ser... Mas pensava noutro sitio. Quando entrei na cabina do avião e te conheci, onde estávamos?" "Sobre Alghero." "Pois é onde gostaria de ir, está na Sicília, não é?" "Não. Está na Sardenha. A Sicília está muito mais ao sul, à frente da ponta da bota de Itália e não a sobrevoamos." Aí, é onde gostaria de casar-me contigo. Aí gostaria de passar a nossa lua de mel, Rick. Como um reencontro contigo, uns quilómetros abaixo do sitio onde te conheci." "És tão romântica! Eu também sou. Prometido... se, entretanto não te fartares da terceira idade." "Nunca mais me digas isso." -- Estava emocionadíssima e começou a soluçar. Depois abraçou-o e chorou convulsivamente. Ele estava sem saber o que dizer nem fazer. -- "Não te trocava por dois de 21, meu amor. Mete bem na tua cabeça que isso da diferença de idade, não é nada que tenha nenhuma importância para mim. Às tantas, fartas-te tu de mim! Meu deus! Nem quero imaginá-lo." "Desculpa, meu amor... Sou um bruto..." "Não... É que estou muito nervosa, sensível, emocionada... De repente vejo-me com o homem com quem sonho há tantos anos... Sabia que daria certo! Que pena que o pai não esteja aqui para abraçar-nos. Sei que ficaria muito feliz por nós os dois, Rick! Não caibo em mim, de tanta felicidade." "E a tua mãe? Nunca a mencionas." "Nunca nos demos bem... e já faleceu há anos. Infelizmente não me deixou saudades. Mudemos de assunto." Entretanto, o tempo passou e já eram oito horas. "Que tal se vamos comer uma açorda de marisco a Alcabideche, querida. Gostas?" "Adoro! É boa aí?" "A melhor! Conheço a dona desde que comecei a voar em Tires com o meu pai. Nesse tempo, era uma tasquinha muito modesta e hoje é um restaurante e peras! Vais gostar dela. Conhece-me muito bem e quero apresentar-ta. Ficou muito consternada quando fiquei viúvo e quero que saiba que agora começo a ser feliz de novo." "Tiveste algum... enfim... algum romance com ela?" "Que disparate! Não estragues tudo com os ciúmes. É uma senhora casada, mais velha que eu e essa barbaridade que disseste é pura e simplesmente inconcebível!" "Rick... Tenho tanto medo de perder-te!" -- ele abraçou-a com muito carinho e acariciou-lhe o cabelo. "Tenho medo que no futuro comeces com ciúmes das assistentes de bordo, da dona da loja em frente e sabe deus de que mais... Não deites a perder uma felicidade que começo a adivinhar perfeita! Se vejo que isso vai acontecer, corto com a nossa relação. Não aguento os ciúmes. Nunca atraiçoei a Esmeralda e não o farei contigo. Sou homem de uma só mulher." "Rick, tem um pouco de paciência comigo..." "Está bem, mas em tão pouco tempo já tive uma massagista, a dona do restaurante e menos mal que não conheces Claudia, uma monitora do ginásio onde vou, que me persegue em todos os sítios. Podia estar agora com ela, bem claro mo propôs esta manhã. Mas não! Estou contigo e se não me amargares a vida com os ciúmes, contigo quero continuar..." "Ok. Tens razão... Mas podias ter evitado falar-me dessa tal Claudia." "Mari, até te conhecer, mantive-me fiel à memória de Esmeralda. E podia ter tido a Claudia na cama todas as noites que me apetecesse. E é bem gira! Mas tu... És tu! E não quero mais ninguém! Mete isso nessa linda cabecinha! Não estragues o que temos. Acabamos de começar algo que é lindo. Não te quero perder. Se não me casar contigo, não creio que o faça com nenhuma outra mulher... sinto-me tão bem contigo! Bem vou reservar uma mesa no restaurante." "Rick! Acabo te ter uma idéia. O Zeb tem noiva?" "Tem. Conheço-a. É muito simpática... É como ele de extrovertida. Porquê?" "Telefona-lhe e falo eu!" -- Rick estranhou o pedido de Mari, mas telefonou-lhe sem fazer perguntas. Já imaginava... "Zeb? Olá miúdo! Tenho aqui uma pessoa que quer falar contigo." -- Entregou o telefone a Mari. "Olá Zeb! Sim sou eu... Já jantou? Não? Antes de mais, podemos tratar-nos por tu? Ok. Onde estás? Ai que bem! Estás perto. Estás convidado para jantar com Rick e comigo esta noite e traz a tua noiva. Quero conhecê-la! Não! O prazer é meu. Está bem... é nosso! Passo-te o Rick para que te diga onde é, que eu não tenho nem idéia." Rick explicou-lhe onde era. Depois telefonou ao restaurante e reservou uma mesa para as 21:15. "Boa idéia! É um bom amigo. E estava com medo que eu não te telefonasse. Bem insistiu. Esse apostou em ti desde o primeiro momento. Tens aí um bom aliado, sabes?" Às nove e cinco estavam os quatro à porta do restaurante. Madalena, a noiva de Zeb era realmente muito simpática. "Cap, parabéns! Você é um homem com sorte... e com muito bom gosto!" "Obrigada Zeb! Vem cá, que te quero dar um beijo por esse elogio." "Companheiro" A partir de hoje, sempre que não estejamos em serviço, acabou-se o cap, o chefe e tudo isso. Tratas-me por Rick... e por tu!" "Porra, cap! Perdão... Rick. Não me dá jeito... bem, lá terei que me habituar..." -- Tinha a testa franzida e via-se que estava pouco à vontade. Riram-se todos à gargalhada, menos Zeb. O pobre moço ficou vermelho como um tomate e a namorada deu-lhe um beijo na boca, que o deixou ainda mais enrascado. "Adoro-te, Zeb!" A dona do restaurante foi simpatiquíssima, como sempre. Sentou-se uns momentos com eles a conversar. "Espero que me deixem organizar aqui o vosso almoço de casamento. Nesse dia fecho o restaurante ao público." "Mas... ainda nada está decidido. Acabamos de conhecer-nos..." -- Retorquiu Rick. "Vocês? Nunca me engano nestas coisas. Não vos dou mais que três meses de namoro... Podem ir já escolhendo as alianças! Já falaremos... Só com vê-los, não tenho nenhuma dúvida. E vocês dois não se riam, que vão pelo mesmo caminho." "Por mim pode ser já amanhã!" -- Disse Madalena. "E por mim!" -- Continuou Mariana. Rick e Zeb olharam um para o outro, com um ar resignado. Zeb aproximou a boca do ouvido de Rick. "Estamos fodidos, Cap... Perdão... Rick. Estas duas já nos têm filados!" -- O outro riu-se à gargalhada. "Porra! Podes dizê-lo, puto! Mas eu pelo menos, já tenho padrinho... -- Riram-se os dois. "Eh! Vocês os dois! Que é que estão para aí a conspirar?" -- Disse Madalena, rindo-se. "Quem, nós?" -- Dizia Zeb, com ar de miúdo que foi apanhado com a mão no açucareiro. "Madalena, temos que estar a pau com estes dois. Juntos, são um perigo." "Se são! Já os conheço há muito tempo..." O jantar estava delicioso e o ambiente não podia ser melhor. Quando terminaram, veio um empregado com uma garrafa de champagne metida num frappé, um prato com tâmaras, frutos secos e cinco fluts. Depois veio Lurdes, a dona. "Por conta da casa. Quero brindar com vocês!" Saíram à meia-noite e meia, felizes e contentes. "Já sabes Zeb... vocês serão os padrinhos de Rick." "Conta com isso, Mari!" -- dizia Madalena. "Eh, vocês! Apetece-vos dar um pezinho de dança?" -- Perguntou Zeb. "Ai Zeb... Não quero ser antipática, mas esta noite não, que estou cansadíssima. Tive uma semana terrível. Mas deixamos a idéia no ar, para a próxima vez. Não te chateias?" -- Disse Mari, que tinha outros planos para essa noite. Não queria ficar-se pelos preliminares... "Claro que não! Há mais marés que marinheiros. Bem já nos veremos. Obrigado pelo jantar e pelo convite. Avisem-me com tempo, para ir comprando o smoking. Ciao!" Finalmente regressaram ao chalé. Esperava-os uma noite memorável! *** "Porra! Esta noite... Imagino como vai cheirar a borracha queimada na cama daqueles dois!" -- Disse Zeb a Madalena na viagem de regresso. "E na nossa! Ou pensas que me abres o apetite com essa conversa e depois me deixas plantada? Ai Zeb, não posso esperar... Acaricia-me o grelinho, como tu sabes. Quero vir-me agora mesmo. Que tesão! Não, não pares o carro... Bruto! Magoaste-me com a unha... ohhh... Mmmm... Sim... Ahhh... Ahhh... Mais... Mmmm... Ohhh... Um pouco mais a cima! Aí! Não pares... Mmmm... Maravilha! Ohhh... Veeeeeenho-me! Venho-me todaaaaa... Pára! Mais não! Estou muito sensível. Amo-te Zeb! Vamos já para casa!" Zeb cheirou e chupou os dedos. Delicioso! Soube que ia ter uma noite trabalhosa. Quando Madalena se punha assim era insaciável. A picha quase não lhe cabia nas cuecas imaginado o que ia acontecer à chegada.