Liontari, Severo e Yure estão se vestindo no quarto da casa na árvore. Liontari se veste primeiro, com os trajes que ele usou na guerra: uma jaqueta fina aberta com um bolso, uma calça de camuflagem, um cinto de utilidades na cintura e um cinto ao redor do tronco, onde o fuzil era colocado. Yure e Severo ainda estavam nus. - Vem cá, Yure – diz Liontari. Yure se aproxima de Liontari e o abraça na perna. Liontari pega do chão a roupa de educação física do Yure: uma camisa branca de manga curta e um calção preto curto. Ele ajuda Yure a se vestir. Depois disso, ele olha pra Severo. “Não vou vestir camisa.”, dizia a placa que Severo segurava. - Mas por quê? – perguntou Liontari. Severo escreveu na placa: “Roupas me deixam desconfortável. Ademais, uma calça basta.” - Vamos lá, Severo, ninguém irá sem camisa pro banquete – Liontari insiste. – Você vai chamar atenção. Severo escreveu na placa: “Não insista.” Liontari suspirou e disse: - Escuta: o estilo de vida que temos é bem modesto, mas depende totalmente de mim. Dava pra você ter um pouco de gratidão e fazer o que estou pedindo, antes que eu comece a mandar? Severo suspirou e escreveu na placa: “Posso ao menos ir no osso?” Liontari assente. Severo escreveu na placa: “Posso usar cueca também, mas quero se pago pra isso.” - Não, vá com o saco balançando mesmo, seu safado – disse Liontari. – Até porque o Yure também não tem cueca nem fralda pra usar. As minhas não servem nele e você não emprestaria as suas, fora que partilhar cueca é nojento. Severo vestiu uma blusa roxa de manga longa e calça comprida preta. Quando os dois estavam prontos, Liontari perguntou a Yure: - Você quer ir ao banheiro antes de irmos ao banquete? Yure corou e pensou um pouco, antes de responder: - Estou bem. Não se preocupe, ficarei seco. Eles andam até o salão de reuniões na cidade próxima. O salão é feito de cubos de pedra empilhados e acimentados. Dentro, havia seis colunas, sustentando o teto. Havia também dezenove janelas, cinco em cada parede, com a exceção da parede ao sul, que tinha quatro janelas e a única porta no centro. A porta tinha três metros de altura, feita de madeira, e o teto estava vinte metros acima do chão, o qual era de mármore. A distância entre as paredes era de trinta metros e a mesa onde a comida seria colocada tinha vinte metros de comprimento por um e meio de largura. Já haviam animais ali, sentados e conversando sobre suas vidas, esperando a comida chegar. Yure se sentiu tímido, mas Severo estava indiferente. Então, duas fêmeas foram cumprimentar Liontari: uma gata azul usando um longo vestido branco e uma cerva usando uma camisa vermelha e calças cor de vinho. - Cadê a mensagem? – perguntou a cerva. – Aqui – disse Liontari, dando o convite a ela. Yure discretamente segurou a pata de Liontari, já se sentindo nervoso por ter duas fêmeas tão perto dele. A gata percebeu o desconforto de Yure e olhou para ele sem mover a cabeça. Seu olhar fez Yure se sentir ainda menor do que já era. Ela tinha olhos amarelos vívidos, parcialmente escondidos atrás do cabelo. “Ela parece familiar!”, Yure pensou, mas sem conseguir lembrar onde ele havia visto aquela moça antes. De repente, ele sentiu vontade de fazer xixi. Ele apertou os punhos, pra se distrair e não agarrar o pipi em público. Enquanto Liontari falava com a cerva, a gata continuou a fitar silenciosamente os olhos de Yure. O coração do filhote corria. Liontari puxou a pata de Yure, acordando o felino pequeno de seu transe. – Vamos – disse Liontari. –, temos que nos sentar. Yure assentiu pra Liontari e eles andaram seu caminho até a mesa. Yure começou a notar que o lugar tinha várias outras fêmeas. Seu medo do sexo oposto estava começando a afetá-lo seriamente. “Eu quero fazer xixi”, ele pensou, “Posso acabar me molhando se eu continuar num lugar como este!” Eles se sentaram. Liontari se sentou entre Yure e Severo, o qual estava entre Liontari e um lobo. Já Yure estava entre Liontari e um assento vazio. O cheiro de comida encheu o salão antes mesmo de os mordomos trazerem a comida, através da única porta ao sul. Maior parte da comida eram frutas e derivados de trigo, porque alguns animais que atenderam ao banquete eram herbívoros, os quais poderiam se sentir ofendidos ao serem oferecidos carne. Yure olhou sob a mesa, pra entre suas pernas e pra sua barriga. “Eu tô sem cueca e sem fralda….”, ele pensou, “Tenho que segurar todo o xixi….” Os líquidos começaram a chegar: vinho, suco e água. Vinho foi posto em cada taça. Como era uma bebida simbólica, filhotes também tiveram a chance de experimentar, em pequenas quantidades, o vinho. Severo tomou todo o seu vinho imediatamente após ser servido, sem sequer comer nada antes. Ele então agarrou a roupa do mordomo e mostrou pra ele sua placa, escrito: “Você esqueceu de me servir.” O mordomo achou aquilo suspeito, mas serviu outra dose a Severo assim mesmo…. Com a comida na mesa, os animais começaram a se servir. Yure ainda estava trêmulo por estar num lugar tão cheio de fêmeas. Às vezes, ele se perguntava exatamente por que ele tinha tanto medo delas. Ele sentia que Vitória tinha seu papel, mas já havia, pelo menos, alguma ansiedade antes mesmo de Yure conhecê-la. Ele lembrou de quando ele conheceu Vitória, a qual, a princípio, parecia gostar muito dele. Mas Yure não conseguiu lidar bem com os sentimentos de Vitória. Ele a desapontou. Só então Vitória começou a odiá-lo, com um ódio que crescia a cada ano, em picos, como se outras coisas lha estivessem acontecendo e a fazendo odiar ainda mais todos os machos, não somente Yure. Inobstante, mesmo que Vitória fosse responsável por grande parte de sua insegurança, ela já existia antes. Subitamente, ele lembrou da gata adulta que olhou pra ele na entrada. Por que ele não conseguia se lembrar onde ele já a havia visto? Sua vontade de fazer xixi apertou de novo, Yure começou a sacudir as pernas sob a mesa enquanto se servia com quatro pedaços de pizza. Enquanto sua mente tentava entender a lógica de seu medo, seu corpo ainda estava funcionando no piloto automático para saciar sua gula. De repente, Yure tremeu. Liontari percebeu e perguntou: - Algo errado? – Tenho a sensação de que algo horrível está para acontecer – Yure respondeu. Dito e feito, Vitória e Sheila entraram no salão. Os olhos de Yure arregalaram e ele se engasgou, tendo que tomar dois copos de suco de maçã pra desentalar. Vitória viu Yure e andou até ele. Yure agarrou o braço de Liontari. Ela sentou no assento logo ao lado de Yure, com Sheila sentando-se ao outro lado de Vitória. A coelha maldita mostrou seu doentio sorriso, intimidando Yure instantaneamente. Yure agarrou seu negocinho, sentindo a urina tentando escapar. Vitória percebeu. Ela não disse nada, porque Liontari estava logo ao lado de Yure e ela imaginou que Liontari fosse pai de Yure. Ela não queria problemas pra ela, embora quisesse causar problemas aos outros. Liontari comia pedaço após pedaço de pizza, usando suas patas. Entre uma fatia e outra, ele comia um pedaço de laranja e bebia da taça de vinho. Severo e Yure estavam comendo educadamente, contudo. Severo estava ficando um pouco bêbado por causa da dose dupla de vinho, mas queria mais. Ele viu que Yure não havia bebido seu vinho ainda e segurou uma placa pra ele: “Faz questão?” Yure viu a placa e meneou a cabeça, antes de passar a taça a Severo. Vitória, ainda olhando para Yure, comia uma maçã. Ela não tirava os olhos dele, sabendo que Yure se sentia mais e mais desconfortável quanto mais ela o encarava. Yure esqueceu a comida por alguns segundos, antes de pegar uma fruta pra comer. A mais próxima era melancia…. A bexiga de Yure começou a doer depois de uns tempos. Vitória estava tomando seu vinho, às vezes dando pausas pra chacoalhar o vinho em sua taça transparente. Yure sabia o que ela estava fazendo. Ela estava provocando a bexiga de Yure. As garrafas de água e de suco eram liberadas, ao contrário das de vinho, então ela colocou água em sua taça quando terminara seu vinho. Yure sacudia as pernas vigorosamente, apertando os genitais com força. Tremendo sempre que olhava pra Vitória, Yure tentou olhar noutra direção. Ele percebeu as várias jarras e garrafas de suco e água na mesa, as taças meio cheias dos adultos, o som quase constante de líquido passando de um recipiente a outro. Ele ganiu e olhou para Liontari, tentando esquecer aquele lugar. - Yure – disse Vitória. Yure esfregou as coxas uma na outra. – Sim, Vitória…. - ele respondeu, sem olhar pra ela. - Me passa a melancia – ela disse. Yure olha pra os pedaços de melancia em frente dele. Ele pegou um e o deu à Vitória, silenciosamente. Ela sorriu e disse sarcasticamente: - Obrigado. Yure começou a chorar baixo pra si mesmo, abraçando Liontari. - Algo errado? – perguntou Liontari, com o focinho cheio de pão. - Tenho medo deste lugar – Yure sussurrou. Liontari olhou pra Vitória, a qual estava comendo calmamente. - Ela não fará nada de ruim a você – Liontari assegurou. Yure tremeu e tensionou. Ele sentiu urina sendo empurrada pra fora. Como ele não tinha soltado o pipi, a urina não vazou imediatamente, mas começou a encher a uretra, dolorosamente. Ele aliviou a pressão um pouco e alguma urina saiu, molhando o calção. Felizmente, Yure conseguiu parar seu corpo antes que todo o xixi saísse. Seu choro ficou menos silencioso. Liontari olhou pra Yure e percebeu a mancha de xixi. - Por que você não me disse que estava com vontade? – ele sussurrou. - Eu…. Só…. – Yure gaguejou. - Você se molhou? – Desculpa…. Liontari se levantou. - Vamos pra casa – ele disse. – É melhor te poupar de mais vergonha. Severo estava dormindo, descansando sua cabeça na mesa, com um sorriso bobo, babando. Liontari o acordou. - Vamos pra casa – ele disse. Severo segurou uma placa: “Mas eu nem cantei no karaokê….” Eles andaram até a porta. Vitória olhou pra Sheila e disse: - É tão legal torturá-lo! - Vamos segui-los? – perguntou Sheila, a qual estava checando algo em seu telefone. - Óbvio. O caminho entre o salão e a casa na árvore era separado por dois quilômetros de floresta. As árvores eram baixas, havia arbustos e a trilha era de areia. Já era noite e a luz da lua lutava para passar por entre as copas das árvores. Yure, Liontari e Severo andavam por uma trilha, enquanto que Vitória e Sheila se esgueiravam pelos arbustos. De repente, Liontari parou de andar. Severo olhou pra trás. – Se mostre – disse Liontari. Severo apontou para um arbusto, enquanto segurava uma placa, com a palavra “Ali.” escrita. Vitória sai do arbusto, junto com Sheila. - Por quê? – pergunta Yure, olhando pra elas, agarrando seu negocinho com força. Eles tinham pouco tempo. Yure estava ficando esgotado. - Qual é o teu problema, sua safada? – perguntou Liontari. – Você não tem outra coisa pra fazer? – Dobre a língua ao falar de mim, seu boiola – disse Vitória. – Eu sei o que você faz. Severo escreveu na sua placa: “Te pegaram, Liontari.” O leão cruzou os braços e olhou noutra direção. – Juro que sou inofensivo – ele disse. Severo escreveu: “O registro diz outra coisa.” - Nada disso vem ao caso! – Liontari disse, levantando a voz. – Eu quero saber por que você tortura o Yure. – Porque é divertido – disse Vitória, dando os ombros e sorrindo sarcasticamente. – Ele não é um doce quando parece vulnerável, quieto, posto em seu lugar? Yure sentiu sua bexiga contrair de novo, o que o fez dobrar o corpo e se apertar com mais força. Yure sentia sua energia deixando seu corpo. Ele começava a ofegar, tremer, gemer. Ele voltou a andar na direção de casa, sentindo que era já incapaz de correr. – Por acaso o Yurinho quer fazer pipi? – Vitória provocou. – Que fofinho, com o calçãozinho molhado de mijo! Não tinha fraldas hoje, bebê? Liontari deu as costas à Vitória, não querendo ir pra cadeia por outro crime. Severo mandou um beijo pra Vitória e deu as costas também. Yure ofega alto e, por vezes, quando o xixi apertava, ele parava totalmente de respirar pra fazer força. Sempre que isso acontecia, ele chorava mais um pouco. Vitória e Sheila continuavam a segui-los. - Devo bater nele? – perguntou Sheila. – Não – disse Vitória. –, o grandão pode bater de volta. A bexiga de Yure estava muito esticada e dolorida. Ele sentia que ir explodir. O mero movimento das pernas fazia a bexiga doer, tão cheia que estava. Severo, enquanto anda, tira a camisa. Vitória para de andar e diz de longe: - É apenas normal que ele reconheça seu lugar! Liontari olha pra trás e responde: - Você é nojenta! – Não se importem…. - diz Yure, com a voz trêmula. – Só continuemos…. Yure olhava fixamente pra frente. Seus genitais começavam a doer também. Liontari estava com muita pena do pequeno Yure e disse: - Yure, por favor, estamos numa floresta. Podes mijar aonde quiseres! – Tô com vergonha…. - respondeu Yure em seu tom trêmulo. Liontari olhou pra trás. Vitória e Sheila não estavam mais os seguindo. – Vamos lá – insistiu Liontari. –, elas nem estão aqui…. Yure não respondeu, só continuou andando, indo um pouco mais rápido. Depois de um tempo, Yure começou a andar devagar de novo, e cada vez mais devagar conforme o tempo passava. Ele sabia que não ia aguentar até chegar em casa, ele sabia que desistir era imperativo. Mas ele tinha muita vergonha. De repente, Liontari levantou Yure e o levou nos braços. – Obrigado – disse Yure. – Por favor, Yure – Liontari insistiu, preocupado. – Você vai adoecer. Yure estava exausto. Ele não tinha mais forças pra segurar. – Yure…. - disse Liontari. Severo começou a também se sentir mal por Yure, o qual estava se contorcendo de dor. – Yure, não tem ninguém aqui fora nós – Liontari disse. – Eu não quero que você continue sofrendo. Yure olha pra Liontari e vê sua preocupação através daqueles paternos olhos amarelos. Ele assente. Liontari põe Yure no chão. Yure anda lentamente até uma árvore. Ele fica de pé diante dela, com vergonha. De repente, ele sente uma contração. Ele tenta parar o xixi, pressionando os genitais. A uretra infla novamente. – Se não puder baixar o calção pra se expor – disse Liontari. –, pode fazer nas calças. Yure relaxou e toda a urina saiu. O calção ficou ensopado, com o líquido que saiu constantemente por dois minutos, antes de começar a enfraquecer. Yure estava bem mais calmo, mas ainda chorava. Liontari se aproximou e o abraçou. Yure, ainda mijando, abraçou de volta. Severo olhou os dois, querendo fazer algo também, mas ele era péssimo em demonstrar afeto. Ele preferiu somente observar os dois. Quando Yure terminou, Liontari o olhou e beijou-lhe o focinho. - Melhor? – ele perguntou. Yure assentiu. O grupo fez o caminho de volta. Já nos campos de erva de gato, Yure havia pego no sono nos braços de Liontari. Severo segurou uma placa escrito "É assim lá na escola." – Aquela menina é uma sociopata – disse Liontari. –, mas o Yure precisa aprender a responder à altura. Pelo que eu pude ver hoje, é mais uma questão de como Yure lida com isso. Ela nem sequer bateu nele nem nada. É tortura psicológica. Severo escreveu “Mas Yure tem medo de meninas….” na placa. – É – disse Liontari. – Eu o levaria ao psicólogo, mas todos os profissionais dessa área que atuam na cidade próxima são fêmeas. Severo escreveu “Acha que devemos resolver isso sozinhos?” na placa. – Amanhã, veremos – disse Liontari.